
José Eduardo Agualusa – “O Vendedor de Passados”
16 de Abril, 2021
Fernando Pessoa – Como nuvens pelo céu
16 de Abril, 2021As plantas deslocam-se...
As plantas deslocam-se...
as plantas deslocam-se
fendem a parte granítica da memória
os quartzos e as argilas provocam a amnésia
o corpo alimenta-se de resina
tolhe-se cintilante a um canto da casa
serão os pastores capazes de reacender o mágico fogo?
a terra incha abre-se às sementes mais amargas
o jardim abandonado nos lábios das crianças
os animais vêm beber em teus lábios
água púrpura e breves nuvens de açucar
e no instante de um cometa eclode a última flor viva
o regresso é uma queda dolorosa de órbita em órbita
no entanto
nenhum obstáculo foi suficiente para impedir
este cíclico regresso à terra
nem mesmo o inflexível rigor da morte extravasou
os fascinados rebanhos
As plantas deslocam-se... de Al Berto em “Trabalhos do Olhar”
as plantas deslocam-se
fendem a parte granítica da memória
os quartzos e as argilas provocam a amnésia
o corpo alimenta-se de resina
tolhe-se cintilante a um canto da casa
serão os pastores capazes de reacender o mágico fogo?
a terra incha abre-se às sementes mais amargas
o jardim abandonado nos lábios das crianças
os animais vêm beber em teus lábios
água púrpura e breves nuvens de açucar
e no instante de um cometa eclode a última flor viva
o regresso é uma queda dolorosa de órbita em órbita
no entanto
nenhum obstáculo foi suficiente para impedir
este cíclico regresso à terra
nem mesmo o inflexível rigor da morte extravasou
os fascinados rebanhos
As plantas deslocam-se... de Al Berto em “Trabalhos do Olhar”
Al Berto
[Coimbra, 1948 - Lisboa, 1997]

Poeta e editor. De seu verdadeiro nome Alberto Raposo Pidwell Tavares, começou a publicar poesia no fim dos anos setenta (À Procura do Vento num Jardim d'Agosto, 1977), sendo actualmente considerado um dos mais importantes poetas da sua geração e um dos mais originais, possuidor de um universo de características muito próprias no panorama da poesia portuguesa da actualidade. De facto, cultivando uma poesia fortemente lírica e de pendor confessional, como aliás é patente no título, de 1985, Uma Existência de Papel, Al Berto tem vindo a construir um universo poético que foi já considerado, por Fernando Pinto do Amaral, «um dos mais melancólicos da nossa poesia recente».
Espelhando vivências de uma juventude errante, em deambulações por uma certa Europa marginal e underground – que o poeta cumpriu vivendo, entre o final da década de sessenta e a década de setenta, numa comunidade urbana de Bruxelas e nos bas-fonds de Paris e Barcelona –, oscilando entre o excesso da experiência emocional e física e a melancolia desolada e solitária, a obra de Al Berto reflecte a presença imaginária de Genet e Rimbaud na paixão urgente e dolorosa, na transgressão sexual, na vertigem autodestrutiva, na solidão, na experiência do deserto e da morte.
Ao situar o seu discurso poético a meio caminho entre a extrema lucidez e a ternura, a exposição narcísica e a assunção da literatura como ficção inseparável da vivência, Al Berto tem sido considerado, na tonalidade crepuscular que envolve toda a sua obra, uma voz «entre a subjectividade romântica e a impessoalidade modernista» (Helder Moura Pereira), num território já pertencente ao domínio da pós-modernidade.
Centro de Documentação de Autores Portugueses
06/2007
Espelhando vivências de uma juventude errante, em deambulações por uma certa Europa marginal e underground – que o poeta cumpriu vivendo, entre o final da década de sessenta e a década de setenta, numa comunidade urbana de Bruxelas e nos bas-fonds de Paris e Barcelona –, oscilando entre o excesso da experiência emocional e física e a melancolia desolada e solitária, a obra de Al Berto reflecte a presença imaginária de Genet e Rimbaud na paixão urgente e dolorosa, na transgressão sexual, na vertigem autodestrutiva, na solidão, na experiência do deserto e da morte.
Ao situar o seu discurso poético a meio caminho entre a extrema lucidez e a ternura, a exposição narcísica e a assunção da literatura como ficção inseparável da vivência, Al Berto tem sido considerado, na tonalidade crepuscular que envolve toda a sua obra, uma voz «entre a subjectividade romântica e a impessoalidade modernista» (Helder Moura Pereira), num território já pertencente ao domínio da pós-modernidade.
Centro de Documentação de Autores Portugueses
06/2007

A-dos-Negros
A-dos-Negros é uma a 2ª freguesia mais extensa do concelho, com cerca de 17 km2, sendo constituída por 7 povoações e alguns casais. Assim, as povoações são A-dos-Negros, Sancheira Grande, Sancheira Pequena, Gracieira, Areirinha, Casais da Areia e Quinta do Carvalhedo; os casais são Mata Rica, Poupeira, Miranda, Louriçal, Redondo, Cabeças, Chães, Vale Verde, Boavista, Portelinhas, Silval, Vale Mouro, Cautela, Mesquita, Vale da Agulha, Asseiceira, Fonte Nova, Loureiro, Carriço e Gaiteiro. Confina com as freguesias de São Pedro, Gaeiras, Usseira (todas estas do Concelho de Óbidos), São Gregório, A-dos-Francos (ambas do Concelho de Caldas da Rainha) e Carvalhal (esta do Concelho do Bombarral).
A freguesia foi criada durante a segunda metade do século XVIII, possivelmente um pouco depois do terramoto de 1755. Segundo o investigador Pinho Leal o seu nome derivará de Cecílio Negro, um corajoso capitão lusitano, que viveu vinte anos antes de Jesus Cristo. Antes de 1147, existiam várias povoações entre Leiria e Lisboa, onde residiam grandes núcleos judaicos, com sinagogas e hábitos de vida própria. Foi personagem importante um rabi-mor chamado Iáhia Aben-Yasich, e quem segundo o historiador Joaquim Veríssimo Serrão na sua obra História de Portugal, D. Afonso Henriques nomeou mordomo e cavaleiro-mor, em recompensa de serviços prestados na luta contra os Mouros, e concedeu a Aldeia dos Negros. Este historiador diz ainda "que esta doação se refere à tomada de Óbidos em 1148, tem que se aceitar a identificação com a actual povoação de A dos Negros, situada a 4 km". Sobre este assunto, outros autores estudaram, como Meyer Kayserling na obra História dos Judeus em Portugale João Evangelista na sua obra A dos Negros: uma aldeia da Estremadura. Segundo este último autor, no século XIX, os campos desta freguesia estavam cobertos de matagais, com muitas árvores (sobreiros, azinheiras, loureiros e medronheiros).
No Cadastro da População do Reino, efectuado por D. João III em 1527, a Aldeia dos Negros era um pequeno aglomerado com 20 fogos (cerca de 90 habitantes). Em 1757, o número de fogos já era de 122, tendo o povoamento da aldeia sido feito pelos campos adjacentes.
No campo eclesiástico, a apresentação do pároco era de responsabilidade do povo que lhe doava de côngrua, noventa alqueires de trigo, trinta de cevada e duas pipas de vinho. Durante algum tempo, esta freguesia esteve subordinada à Colegiada de São João de Mucharro, cujo prior tinha o dever de ir anualmente à igreja de Santa Maria Madalena cantar a festa da santa padroeira.
As principais especialidades gastronómicas da freguesia são as misturadas e o vinho branco maduro é afamado. Na freguesia existia também a tradição da matança do porco.
Pontos de interesse: http://www.freguesiaadosnegros.pt/Home
Centro histórico
Capela Santíssimo Sacramento
Monumental Eira da Junta de Freguesia
Largo do Coreto
Chafariz 22 de Julho
Fonte da Mina
Fonte da Formiga
Fonte Mina da Cerca
Parque de Lazer
Fonte Santa
Igreja matriz de Santa Maria Madalena
Albufeira do Arnóia
Capela Nª Srª da Assunção (Areirinha)
Capela do Menino Jesus e zona de lazer (Gracieira)
Percursos Pedestres:
Rota das Fontes – PR9 (brevemente disponível online)
A freguesia foi criada durante a segunda metade do século XVIII, possivelmente um pouco depois do terramoto de 1755. Segundo o investigador Pinho Leal o seu nome derivará de Cecílio Negro, um corajoso capitão lusitano, que viveu vinte anos antes de Jesus Cristo. Antes de 1147, existiam várias povoações entre Leiria e Lisboa, onde residiam grandes núcleos judaicos, com sinagogas e hábitos de vida própria. Foi personagem importante um rabi-mor chamado Iáhia Aben-Yasich, e quem segundo o historiador Joaquim Veríssimo Serrão na sua obra História de Portugal, D. Afonso Henriques nomeou mordomo e cavaleiro-mor, em recompensa de serviços prestados na luta contra os Mouros, e concedeu a Aldeia dos Negros. Este historiador diz ainda "que esta doação se refere à tomada de Óbidos em 1148, tem que se aceitar a identificação com a actual povoação de A dos Negros, situada a 4 km". Sobre este assunto, outros autores estudaram, como Meyer Kayserling na obra História dos Judeus em Portugale João Evangelista na sua obra A dos Negros: uma aldeia da Estremadura. Segundo este último autor, no século XIX, os campos desta freguesia estavam cobertos de matagais, com muitas árvores (sobreiros, azinheiras, loureiros e medronheiros).
No Cadastro da População do Reino, efectuado por D. João III em 1527, a Aldeia dos Negros era um pequeno aglomerado com 20 fogos (cerca de 90 habitantes). Em 1757, o número de fogos já era de 122, tendo o povoamento da aldeia sido feito pelos campos adjacentes.
No campo eclesiástico, a apresentação do pároco era de responsabilidade do povo que lhe doava de côngrua, noventa alqueires de trigo, trinta de cevada e duas pipas de vinho. Durante algum tempo, esta freguesia esteve subordinada à Colegiada de São João de Mucharro, cujo prior tinha o dever de ir anualmente à igreja de Santa Maria Madalena cantar a festa da santa padroeira.
As principais especialidades gastronómicas da freguesia são as misturadas e o vinho branco maduro é afamado. Na freguesia existia também a tradição da matança do porco.
Pontos de interesse: http://www.freguesiaadosnegros.pt/Home
Centro histórico
Capela Santíssimo Sacramento
Monumental Eira da Junta de Freguesia
Largo do Coreto
Chafariz 22 de Julho
Fonte da Mina
Fonte da Formiga
Fonte Mina da Cerca
Parque de Lazer
Fonte Santa
Igreja matriz de Santa Maria Madalena
Albufeira do Arnóia
Capela Nª Srª da Assunção (Areirinha)
Capela do Menino Jesus e zona de lazer (Gracieira)
Percursos Pedestres:
Rota das Fontes – PR9 (brevemente disponível online)