Salinas – Arelho
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11 de Agosto, 2023La Serva Padrona
La Serva Padrona, ópera em dois atos (intermezzi) de Giovanni Battista Pergolesi
Libreto de Antonio Federico Gennaro a partir de uma obra de teatro homónima de Jacopo Angelo Nelli
Récitas
8 de setembro · 21h00
10 de setembro · 19h00
Ficha artística
António Carrilho, direção musical
Carlos Antunes, encenação
Natacha Costa Pereira, cenografia
Nuno Braz de Oliveira, figurinos
Inês Correia, figurinista em palco
Zeca Iglésias, desenho de luz
Fátima Sousa e Maria Marques Coelho, caracterização
José Carlos Araújo, correpetição
Elenco
Serpina — Carla Caramujo, soprano
Uberto — Luís Rodrigues, barítono
Vespone — João Merino, barítono
Orquestra La Nave Va
António Carrilho, direção musical
Pedro Lopes, concertino
Catarina Bastos e Luciana Cruz, primeiro violino
Raquel Cravino, Maria João Matos e Frederico Lourenço, segundo violino
André Araújo e Gabriela Barros, viola
Romeu Santos, contrabaixo
Recitativos:
Ana Raquel Pinheiro, violoncelo
Helena Raposo, guitarra barroca/teorba
José Carlos Araújo, cravo
Ana Paula Meneses, direção de cena
Sara Lamares, produção
Rosário Balbi, construção de figurinos
Virgílio da Silva Coelho, construção de cenário
Carlos Antunes, tradução do libreto e legendagem
Vera Santos, projeção de legendagem
Carlos Antunes e António Carrilho, revisão da edição a partir do libreto original e do manuscrito M.M. 211//1 da Biblioteca Nacional de Portugal
Sinopse
Composta por Giovanni Battista Pergolesi em 1733, La Serva Padrona foi apresentada como um surpreendente intermezzo para a ópera Il Prigionier Superbo. Desde a sua estreia no Teatro San Bartolomeo, em Nápoles, que esta obra, pensada para ser um elemento secundário do espetáculo, foi sempre crescendo em popularidade de tal forma que ofuscou a ópera principal que a albergava.
O êxito de La Serva Padrona pode ser explicado pela fusão prodigiosa entre inovação artística e ressonância social. A sua simplicidade narrativa, contraposta às óperas mais densas da época, ofereceu ao público uma história com a qual se podia identificar, pontuada por melodias vivazes e ritmos contagiantes que divergiam significativamente das composições tradicionais. Mas não foi apenas o carácter musical que a catapultou para o sucesso. O humor intrínseco e a maneira como desafiou abertamente as convenções sociais, invertendo papéis hierárquicos tradicionais, tornou-a particularmente atraente numa época de descontentamento social latente. E, ainda que profundamente italiana na sua essência, os temas universais de aspiração social, dinâmicas de poder e sedução asseguraram a sua aclamação além-fronteiras.
No cerne da história, encontramos Serpina, a perspicaz criada (serva) que, com muita astúcia e a ajuda preciosa do seu fiel Vespone, manipula Uberto (o patrão), ao ponto dele admitir que talvez a ame. Serpina consegue assim casar-se com Uberto, tornando- se ela na patroa (padrona) da casa.
Numa época em que as mulheres eram frequentemente marginalizadas, a história de Serpina ressoa como uma chamada à ação. Mais do que uma simples serva, Serpina é um símbolo de vontade, manipulando as convenções sociais e desafiando o status quo. Por outro lado, Uberto é retratado de forma caricata e facilmente manipulável, desafiando o arquétipo masculino da época.
Por tudo isto, não é de todo desprovido pensar-se em commedia dell'arte quando ouvimos La Serva Padrona, sobretudo se atendermos à utilização de personagens estereotipados e situações caricatas. A perspicácia de Serpina remete-nos a personagens como Colombina, enquanto Uberto tem traços do Velho Pantalone. Ambos exploram o humor para satirizar as convenções sociais.
Em resumo, La Serva Padrona não foi apenas uma manifestação da genialidade de Pergolesi, mas também um reflexo agudo das sensibilidades e anseios da sua época.