Recital de Ópera 2023
1 de Agosto, 2024Gala de Ópera 2023
1 de Agosto, 2024Don Giovanni
Don Giovanni, ópera em dois atos de Wolfgang Amadeus Mozart
Libreto de Lorenzo da Ponte
Récitas
15 de setembro · 21h00
17 de setembro · 17h00
Ficha artística
Jorge Balça, encenação
Bruno Borralhinho, direção musical
Osvaldo Ferreira, direção artística da OFP
Pedro Lopes, correpetição
Carlos Antunes e Natacha Costa Pereira, cenografia
Nuno Esteves (Blue) e Inês Peres, figurinos
Nuno Esteves (Blue), adereços e caracterização
Zeca Iglésias, desenho e operação de luz
Ana Paula Menezes, direção de cena
Elenco
Don Giovanni — Christian Lujan, barítono
Leporello — José Corvelo, barítono
Donna Anna — Rita Marques, soprano
Donna Elvira — Sílvia Sequeira, soprano
Don Ottavio — João Pedro Cabral, tenor
Zerlina — Bárbara Barradas, soprano
Masetto — Luís Rendas Pereira, barítono
Comendador — Jeroboám Tejera, baixo
Pedro Lopes, cravo
Coro do Festival de Ópera de Óbidos
Filipa Palhares, direção do coro
Orquestra Filarmónica Portuguesa
Bruno Borralhinho, direção musical
Sinopse
Nesta produção de Don Giovanni, a história de um sedutor, no âmbito de um Festival dedicado às mulheres, pretende-se precisamente lançar uma nova luz sobre as três personagens femininas da famosa ópera de Mozart. Aqui, as fronteiras entre vítima e cúmplice tornam-se ténues, e as motivações das mulheres envolvidas — Donna Anna, Donna Elvira e Zerlina — são examinadas num contexto novo e provocador.
Donna Anna, a nobre senhora, é tradicionalmente vista como vítima do assédio de Don Giovanni. Mas e se a realidade fosse outra? E se Donna Anna estivesse perfeitamente ciente do que se passava no quarto quando foram surpreendidos pelo Comendador, seu pai? Será que todo aquele ímpeto disfarçado de dignidade não é senão um manifesto conflito de emoções por saber que seu pai morreu na defesa da sua honra? Como poderia ela explicar isso a Don Ottavio, cujo perfil marcado de formalismo e retidão, nada tem que ver com o sentido de aventura, profundamente hedonista e despreocupado de Don Giovanni e, por isso mesmo, potencialmente magnetizante para Donna Anna? Uma perspetiva que abre todo um conjunto de novas possibilidades sobre a sua procura por justiça, revelando uma camada de complexidade e um jogo de poder, por norma, oculto.
E se Donna Elvira, frequentemente retratada como a amante enganada, abandonada e talvez até por isso, algo obcecada, fosse, de facto, a única a nutrir verdadeiros sentimentos por Don Giovanni? O seu amor, apesar das circunstâncias, torna-se num retrato da lealdade e da paixão desmedida, ao mesmo tempo que questiona o significado do amor e da dedicação num mundo onde a traição é a norma.
Zerlina, a camponesa noiva de Masetto, é atraída pela sedução de Don Giovanni. Mas e se ela não fosse apenas uma vítima inocente? E se ela também fizesse parte do jogo de sedução com Don Giovanni? Isso revelaria uma nova faceta da sua personalidade, mostrando que também ela sabe jogar os jogos de poder e de sedução das outras mulheres.
No fundo, podemos dizer que aqui não há um único sedutor em Don Giovanni, mas um intenso jogo entre o predador que sabe tirar partido da sua condição social e de poder, do seu magnetismo e carisma, e todas estas mulheres com quem se cruza sem lhes dar o devido valor, e cujo erro é precisamente a arrogância da subestimação da própria vontade dessas mulheres. E no meio disto tudo estão Don Ottavio e Masetto, presos no turbilhão provocado por Don Giovanni e pelos jogos de poder e sedução das mulheres à sua volta. As suas lutas e reações a esta situação desafiadora oferecem um contraste aos retratos femininos, mas são, no final, as mulheres — as suas emoções, motivações e ações — que se tornam o foco principal da história.
Nesta produção explora-se a condição feminina num mundo onde a sedução, o poder e o jogo são a norma. Questionam-se as narrativas convencionais e lançam-se novas perspetivas sobre o que significa ser mulher num mundo dominado por homens, homenageando a complexidade, a força e a astúcia femininas.