Don Giovanni 2023
1 de Agosto, 2024O Último Canto – Camões e o Destino
2 de Agosto, 2024Gala de Ópera
Mulheres: Da Paixão à Inocência – uma Dança com o Destino
Récitas
16 de setembro · 21h00
Programa
Carmen, de Georges Bizet
Abertura
Habanera "Quand je vous aimerai?… L'amour est un oiseau rebelle"
Ária "Votre toast"
Ária "La fleur que tu m'avais jetée"
Canção e Dança Cigana "Les tringles des sistres tintaient"
Coro de Crianças "Avec la garde montante"
Dueto Final entre Don José e Carmen "C'est toi! C'est moi!…"
· · · Intervalo · · ·
La Traviatta, de Giuseppe Verdi
Prelúdio do I Ato
Ária e Cabaletta "Lunge da Lei… Dei miei bollenti spiriti… O mio rimorso!"
Cena Germont, Violetta:
“Madamigella Valéry?…”
“Pura siccome un angelo…”
“Bella voi siete”
“Dite alla giovine…”
“Morrò! La mia memoria”
Ária "Di Provenza il mar, il suol… Ne rispondi…"
· · · Intervalo · · ·
Eugen Oneguin, de Piotr Ilich Tchaikovsky
Polonaise
O Sonho de Uma Noite de Verão, de Felix Mendelssohn
Canção com Coro
Cavalleria Rusticana, Pietro Mascagni
Intermezzo
Werther, Jules Massenet
Ária “Va ! Laisse couler mes larmes”
Rigoletto, de Giuseppe Verdi
Ária “La donna è mobile”
Quarteto “Un di, se ben rammentorni… Bella figlia dell'amore”
La Traviatta, de Giuseppe Verdi
Brindisi “Libiamo, ne'lieti calici”
Elenco
Carla Caramujo, soprano (Violetta e Gilda)
Cátia Moreso, meio-soprano (Carmen)
Ashley Chui, meio-soprano (Charlotte, Maddalena)
Luís Gomes, tenor (Don José, Alfredo e Duque)
Luís Rodrigues, barítono (Escamillo, Giorgio Germont e Rigoletto)
Coros do Festival de Ópera de Óbidos
Filipa Palhares, direção do coro
Orquestra Filarmónica Portuguesa
Bruno Borralhinho, direção musical
Osvaldo Ferreira, direção artística da OFP
Sinopse
Esta gala foi pensada para oferecer uma perspetiva sobre as personagens femininas de três grandes óperas — Carmen de Bizet, La Traviata de Verdi e Rigoletto, também de Verdi. Logo no início perceberemos os contrastes entre Carmen e Violetta e como ambas, apesar das suas diferenças, emergem como mulheres independentes e senhoras do seu próprio destino.
Iniciamos a viagem com Carmen, uma mulher livre que desdenha as convenções sociais. Uma figura de paixão e independência, Carmen traz toda uma nova abordagem ao feminino na ópera, desafiando os limites da expressão do desejo da mulher. Com ela, temos Don José, o soldado que se apaixona por Carmen, e Escamillo, o toreador que desperta o amor de Carmen. Ambos retratam diferentes faces da interação com o feminino — o desejo de posse e o respeito pela liberdade e individualidade.
Aparece depois Violetta de La Traviata, uma mulher condicionada socialmente, mas que, no fim de contas, como Carmen, é dona do seu destino. No dueto com Germont no 2º Ato, presenciamos a manipulação de Germont ao usar o casamento da sua filha, irmã de Alfredo, para evidenciar o preconceito social da relação deste com Violetta, refletindo as restrições e preconceitos que as mulheres enfrentavam naquela época. Mesmo assim, a escolha sacrificial de Violetta sublinha a sua autonomia, mesmo perante a adversidade. Alfredo, neste ato, ora consumido pelo amor, ora pelo orgulho, pois não aceita ser sustentado por uma mulher (uma total inversão dos valores da época), ora cego de ciúmes e, mais tarde, remorsos.
Na última parte, Rigoletto de Verdi apresenta-nos Gilda, à primeira vista uma jovem inocente usada pelo Duque, mas que pode ser vista também como vítima dos seus próprios impulsos e desejos de adolescente, escolhendo mesmo assim tomar o destino nas suas mãos ao sacrificar-se por aquele que ama. Maddalena, a irmã do assassino Sparafucile, também surge como um retrato de manipulação e jogo de poder que as mulheres de baixa condição social tinham que enfrentar. Aqui vamos ouvir célebre ária La donna è mobile, que pode ser traduzida como "A mulher é volúvel", um hino à visão do Duque das mulheres como seres inconstantes e caprichosos, que não podem ser levados a sério e que existem apenas para o seu prazer. Este é o coração da sua personalidade predatória que sobressai ainda mais no quarteto Bella figlia dell'amore, ou "Bela filha do amor”. Manipulador, ele seduz Maddalena enquanto Gilda observa toda a cena pela janela, perante o desespero do seu pai, Rigoletto, que, apesar de cúmplice do Duque, se torna também vítima quando o alvo passa a ser a sua filha.
Nesta gala vamos poder visitar ainda outras óperas cujas personagens femininas são igualmente marcantes: Werther e Eugene Onegin. De Eugene Onegin, ouviremos a deslumbrante Polonaise. Nesta ópera, a jovem e ingénua Tatiana, ao ser desprezada por Onegin, revela um inesperado vigor e determinação, tomando as rédeas do seu destino ao rejeitar uma subsequente proposta de casamento feita por Onegin, mesmo mantendo sentimentos por ele. Adicionalmente, vamos poder ouvir um ária de Werther de Jules Massenet, onde somos apresentados a Charlotte. Esta é uma mulher confrontada com o dilema entre a obrigação e o sentimento profundo. A sua emocionante ária Va! Laisse couler mes larmes manifesta de forma palpável a sua luta interior, permitindo que as suas lágrimas escorram como um reconhecimento tanto catártico quanto doloroso das durezas da vida e do amor. Tal como Tatiana, Charlotte é outra figura feminina de força, que tem de lidar com decisões difíceis e, de um modo ou de outro, acabam por ser donas do seu próprio destino. Ambas as personagens contribuem para enriquecer o leque de retratos femininos complexos e impressionantes no mundo da ópera.
Por fim temos ainda espaço para a idílica Canção com Coro do Sonho de Uma Noite de Verão, de Felix Mendelssohn, para a peça de William Shakespeare, o inspirado Intermezzo da Cavalleria Rusticana de Mascagni e o brinde de La Traviata, uma celebração da ópera e uma homenagem à força e resiliência das mulheres que moldam estas histórias, apresentando um mosaico de personagens femininas cujos enredos se interligam para retratar o feminino em toda a sua diversidade.