
Royal Duck’s Trail
15 de Abril, 2021
Herberto Hélder – Se houvesse degraus na terra
16 de Abril, 2021Natureza viva
que não lhe pertenço.
A mão gigante do vento vai sacudindo o carro
contra o mar
com grandes chapadas brancas.
Não é o mundo que tenho na cabeça
as gotas de água que embaciam o vidro
e o véu da chuva o da noiva submissa.
As palavras não querem ser irmãs das ondas
e o meu silêncio não é filho
desta tempestade.
Mas como é belo
que tudo viva na luta de viver.
A fúria da maré no espelho do meu rosto
como um poema de Pedro Homem de Mello.
O som mais natural
dá-me a nitidez dos choros suicidas
e transporta no tempo
esse luxo dos homens que se chama esperança.
No céu baila e divaga mais uma gaivota.
No chão perto do mar
outro baile circunda o coração.
Mas nunca saberei como se dança.
Armando Silva Carvalho in “Lisboas” (Prémio Luís Miguel Nava)
Armando Silva Carvalho
[Olho Marinho, Óbidos, 1938 - Caldas da Rainha, 2017]

Oriundo do grupo que fez a Antologia de Poesia Universitária (1959?), ao lado de Ruy Belo, Fiama, Luiza Neto Jorge, Gastão Cruz e outros, estreou-se com Lírica Consumível (1965), que em 1962 havia recebido o Prémio Revelação da Sociedade Portuguesa de Escritores. Pode-se dizer que esse livro foi o começo de uma obra poética «construída com grande rigor de expressão e uma secura de ritmos e prosódia que manifesta na técnica de composição o essencial do seu significado» (Maria Alzira Seixo). A mordacidade, o sarcasmo e a figuração das pulsões sexuais, são timbre de uma escrita – poética e ficcional – frequentemente apostada na denúncia dos vários interditos e das hipocrisias sociais e políticas. Na ficção, por exemplo em Portuguex (1977), a subversão verifica-se «a todos os níveis da mitologia cultural lusíada e na tentativa de reformulação em termos simbólicos, os únicos próprios da escrita romanesca, de uma imagem interna da aventura nacional» (Eduardo Lourenço).
Personalidade discreta da vida literária portuguesa, é autor de uma obra de grande coerência formal, centrada no radicalismo de algumas opções bem caracterizadas. A partir do início dos anos sessenta colaborou nas mais variadas publicações: Diário de Lisboa, JL, O Diário, Poemas Livres, Colóquio-Letras, Hífen, As Escadas Não Têm Degraus, Sílex, Nova, Limiar, Via Latina, Loreto 13, entre outras.
Desde que António Ramos Rosa o incluiu na 4ª. série das Líricas Portuguesas (1969), chamando a atenção para o facto de a sua poesia ser «essencialmente antilírica e refractária a todas as formas de expressão subjectiva», Armando Silva Carvalho tem estado representado na generalidade das antologias de poesia portuguesa.
Entre as suas traduções mais relevantes, devem citar-se obras de Beckett, Duras, Cesaire, Voznesensky, Genet, E. E. Cummings, Aleixandre e Mallarmé. Até Alexandre Bissexto (1983) assinou Armando da Silva Carvalho.
in Dicionário Cronológico de Autores Portugueses, Vol. VI, Lisboa, 1999

Pinhal, Óbidos
Desta aldeia podemos ver o Parque da Vila e o Castelo de Óbidos, ficando esta a escassos minutos a pé da Vila.
Tem como monumento mais conhecido a Capela de Santa Ana, monumento do século XVII composta por uma nave única, uma capela-mor mais estreita e baixa, com coberturas a duas águas e sacristia com cobertura a uma água continuando a da capela-mor.
A sua festividade mais conhecida decorre no mês de setembro em honra de Santa Ana que consiste na prova da Água-Pé nas adegas dos residentes, para todos aqueles que a quiserem provar.
Inserida nesta festividade tem a mais conhecida tradição de todas, a Batatada. Esta tem uma história que remonta a finais da década dos anos 20. A festa movimentava cerca de 100 escudos, com banda de música, foguetes e festa religiosa, depois de terminada e pagas as despesas, sobraram cerca de 10 escudos aos festeiros da festa dos anos 28/29. Com o valor que sobrou, fez-se batatas com bacalhau para todos os festeiros e ajudantes. No ano seguinte a festa deu novamente lucro, e como no ano transato, fez-se batatas com bacalhau para todos os festeiros, ajudantes e também para a população em geral e amigos.
Houve um ano em que estavam a cozer as batatas e o bacalhau, passou um grupo de tropas, já exaustos e com fome, vindos do lado Sul da Lagoa de Óbidos, naturalmente os festeiros ofereceram-lhes comida e um pouco de descanso.
Nos anos seguintes, guerra mundial, escassez de bacalhau e por impossível que pareça, nunca faltou na festa do Pinhal, situação essa que gerou uma grande afluência de pessoas, por não acreditarem na oferta do bacalhau, num período de vida tão difícil quanto aquele.
Foi assim que a festa ganhou tradição.
Pensa-se que esta festa seja única, por mais tentativas de aproximação que existam e realiza-se na 3ª quarta-feira do mês de Setembro.
Pontos de interesse: https://www.jfsmariapedrosobral.pt/
Capela de Santa Ana
Castelo de Óbidos
Vila de Óbidos
Parque da Vila - zona de lazer
Percursos pedestres:
- Percurso do Parque da Vila – PR1/PR1.1
- PR14 - Rota Panorâmica
- Rota das Invasões Francesas - PR22 (em fase de preparação)
- Rede Municipal de Miradouros e BikeParking (Parque da Vila, Óbidos - Jogo da Bola, Pousada, Mocharro)
- Roteiro dos Ventos
- Ecovia da Estrada Real