LUÍS DE CAMÕES

ESTROFE D’OS LUSÍADAS

(José Ramalho, actor)

Que cidade tão forte por ventura
Haverá que resista, se Lisboa
Não pôde resistir à força dura
Da gente, cuja fama tanto voa?
Já lhe obedece toda a Estremadura
Obidos, Alenquer por onde soa
O tom das frescas águas, entre as pedras,
Que murmurando lava, e Torres Vedras

in Luís de Camões, Os Lusíadas

OUTRA ESTROFE D’OS LUSÍADAS

(José Ramalho, actor)

E também as memórias gloriosas
Daqueles Reis, que foram dilatando
A Fé, o Império, e as terras viciosas
De África e de Ásia andaram devastando;
E aqueles, que por obras valerosas
Se vão da lei da morte libertando;
Cantando espalharei por toda parte,
Se a tanto me ajudar o engenho e arte.

in Luís de Camões, Os Lusíadas

Filho de Simão Vaz de Camões e de Ana de Sá, julga-se que Luís Vaz de Camões terá nascido em Lisboa, por volta de 1524 ou 1525. Pertenceria a uma família da baixa nobreza.
Luís recebeu uma educação esmerada, possivelmente sob a tutela do tio paterno, Frei Bento de Camões. Conhecia bem a história, as línguas e literaturas, a retórica, a cosmografia... Frequentou a corte de D. João III, onde se iniciou na poesia. Depois ingressou na carreira militar: esteve dois anos em Ceuta, altura em que perdeu a vista direita, e permaneceu largos anos na Índia, integrando expedições a diversas partes do Oriente. Foi provedor dos Defuntos e Ausentes em Macau. Apreciava a vida boémia, com amores, folguedos e contendas várias, que lhe valeram algumas ordens de prisão. Quando voltou ao reino, recebeu uma pensão anual pelos serviços prestados à Coroa na Índia. Faleceu em Lisboa, no dia 10 de Junho de 1580.
Luís de Camões escreveu poesias líricas, poesia épica, autos de comédia e cartas. Constitui um dos vultos maiores da literatura portuguesa, a sua obra está traduzida para variadas línguas e é objecto de estudos especializados. No dia do seu falecimento, comemora-se o Dia de Camões, de Portugal e das Comunidades Portuguesas.